31/08/11

Verso

A mulher azul não consegue separar as palavras do corpo.
Usa-se vestida de azul para esconder a pele opaca do silêncio que desafia. Compõe atalhos ao seu reverso com fios de cabelo dourado e neles enreda emoções que finge não sentir.
A mulher azul não sabe escrever poesia. Por isso vira-se para o verso como se a verdade fosse a parede tosca que lhe lê os olhos. Na impossibilidade está a sua realidade. Vê-se de olhos presos numa infinitude tangível e teima escrever versos que contrariem a narrativa que a conhece. Todas as noites deita-se no reverso da prosa e reza ao Deus que vê na parede do quarto. Aprende a rezar as cores que o dia lhe ensina. Hoje choveu, aliás chove e a mulher sente que o seu corpo derrete sem nunca ter mergulhado no oceano da simetria. Não precisa de um amante, nem de um espelho. Procura apenas acariciar no peito, o coração que de costas não sente.
Com tecnologia do Blogger.




 
Persona: Um blogue, ou coisa que o valha, assinado por SA que um dia se chateou com o anonimato e decidiu testar o poder das siglas.
Um espaço ainda sem o nome da autora mas com registo de autor (a malta aqui não coloca palavras no prego).
Uma parceria sonora e gráfica com o Bitsounds.
Vendemos para fora e fazemos entregas ao domicílio.
Não vamos aderir ao acordo ortográfico.
Blogue não testado em animais!