28/07/10

Pé na estrada: Festival Músicas do Mundo 2010

São 16h15m.
Lisboa arde sob o jugo estival... um calor abrasador!
Cá por casa tem rodado entre outros, Tinariwen,Wimme, Kimi Djabaté, Staff Benda Bilili e outros sons quentes das anteriores edições do FMM Sines.
Há eventos que se esperam durante um ano inteiro e Julho chegou com a promessa de Sines.
Faltam precisamente 23 minutos para pegar na mala, descer as escadas, gritar ROSEBUD e vernáculos não tão literatos, enquanto atravessamos a ponte para sul. No carro vai rodar Dave Dee, Dozy, Beaky, MickTich- Hold Tigh, vamos a caminho!
Em Sines: o mundo a meus pés...
Eis o Programa das Festas, com especial destaque para o evento de hoje às 03h30m.
Fui!

28 de Julho
Vitorino e Janita Salomé com Grupo de Cantadores de Redondo (Portugal), Castelo, 18h30
Cacique’97 (Moçambique / Portugal), Av. Vasco da Gama, 20h00
Nat King Cole en Espagnol (EUA / Cuba / Portugal), Castelo, 22h00
Las Rubias del Norte (EUA), Castelo, 23h30
Céu (Brasil), Castelo, 01h00
Novalima (Peru), Av. Vasco da Gama, 03h00
Mergulho no mar, 03h30

29 de Julho
34 Puñaladas (Argentina), Castelo, 18h30
Wimme (Finlândia / Povo Sami), Av. Vasco da Gama, 20h00
Yasmin Levy (Israel), Castelo, 22h00
N’Diale – Jacky Molard Quartet & Founé Diarra Trio (Bretanha / Mali), Castelo, 23h30
The Mekons (Reino Unido / EUA), Castelo, 01h00
Grupo Fantasma (EUA), Av. Vasco da Gama, 03h00

30 de Julho
Kimi Djabaté (Guiné-Bissau), Castelo, 18h00
The Rodeo (França), Av. Vasco da Gama, 19h30
Barbez (EUA), Castelo, 21h30
Sa Dingding (China), Castelo 23h00
Tinariwen (Mali / Sahara), Castelo, 00h30
Forro in the Dark (Brasil), Av. Vasco da Gama, 02h30
Bailarico Sofisticado convida Selecta Alice (Portugal), Av. Vasco da Gama, 04h00

31 de Julho

Guadi Galego (Galiza), Castelo, 18h00
Galaxy (Timor-Leste), Av. Vasco da Gama, 19h30
Lole Montoya (Espanha), Castelo, 21h30
Cheick Tidiane Seck feat. Mamani Keita (Mali), Castelo, 23h00
Staff Benda Bilili (R. D. Congo), Castelo, 00h30
U-Roy (Jamaica), Av. Vasco da Gama, 02h30
Batida (Portugal / Angola), Av. Vasco da Gama, 04h00

21/07/10

Ao vivo: Elbow and the bbc concert orchestra

The Seldom Seen Kid Live at Abbey Road [2009]
Faixas:
1. Starlings
2. The Bones Of You
3. Mirrorball
4. Grounds For Divorce [*]
5. An Audience With The Pope
6. Weather To Fly
7. The Loneliness of a Tower Crane Driver [*]
8. The Fix
9. Some Riot [*]
10. One Day Like This
11. Friend Of Ours


Senhoras e senhores: ELBOW. Donos de um dos melhores albuns de 2008, vencedores do Mercury Prize 2008 com o colossal "The Seldom Seen Kid", os Elbow juntaram-se à BBC Concert Orchestra e ao Radio 3 Choir para gravar a versão ao vivo e com orquestra do quarto album de originais. A apresentação ocorreu em 30 de Março na Abbey Road, e resultou num boxset com CD, DVD e algum material extra. Os arranjos orquestrais ficaram por conta de Nick Ingman que tornou algumas músicas, já excelentes, em temas ainda mais brilhantes, como é o caso de The Bones of You (registe-se o solo de trompete). Os arranjos de Nick Ingman transformaram Grounds For Divorce num verdadeiro épico. The Loneliness of a Tower Crane Driver e Some Riot são outros temas que merecem destaque especial pela qualidade de arranjos que, juntamenre com a voz irreparável de Guy Garvey, fazem deste um dos discos mais escutados cá pelo burgo!
Para trazer a tiracolo, levar para férias ou orgulhosamente guardar na prateleira dos notáveis!

Absolutamente ...

14/07/10

Em concerto

Dias 10, 11 e 12 de Julho o Coro Ricercare e a Orquesta Sinfonietta de Lisboa apresentaram mais uma edição do evento "Jovens Compositores Portugueses". Sem dúvida, é um orgulho fazer parte deste coro.
Para todos os que não tiveram oportunidade de assistir aos concertos de final de temporada, segue um excerto de uma peça simplesmente maravilhosa!


Segunda parte da peça da Anne Victorino d'Almeida, que encerrou cada um dos concertos da edição 2010 de "Jovens Compositores Portugueses":
Anne Victorino d'Almeida - Memórias a um Pequeno Bicho Parte II
Coro Ricercare (Dir Pedro Teixeira)
Sinfonietta de Lisboa Direcção: Vasco Pearce de Azevedo

12/07/10

Profecias

Vencedor do Grande Prémio do Júri no ultimo Festival de Cannes, “Um Profeta” é realizado pelo francês Jacques Audiard que já firmou o seu curriculum em obras memoráveis como “De Tanto Bater o Meu Coração Parou” e “Nos Meus Lábios”.
Um Profeta relata a história do jovem muçulmano Malik El Djebena (Tahar Rahim) um miúdo analfabeto condenado a seis anos de prisão. O realizador opta por não revelar os motivos da detenção de Malik mas ao longo do filme assiste-se à transformação de um pequeno delinquente que apenas aspirava cumprir a pena discretamente. Malik acaba dominado pela máfia da Córsega que o confronta com o dilema da sobrevivência: ou mata outro muçulmano, ou será ele próprio assassinado pelos corsos. Malik acaba por cometer o crime o que torna protegido da máfia Córsega. De inicio Malik fica perturbado com os actos de violência que é obrigado a executar, mas gradualmente vai aprendendo a lidar com as “elites” prisionais, ascende dentro do mundo do crime e deixa de ser o árabe sem passado e história para se transformar no “Escolhido”. É o “protegido” da máfia corsa, o “eleito” pelo cigano que o introduz no tráfico, a figura consensual que apesar dos antagonismos, acaba por ser aceite na comunidade muçulmana. Malik converte-se no intermediário entre dois mundos, o mundo hostil da prisão e o mundo extra muros igualmente cruel. Malik, o jovem Profeta, é recluso e simultaneamente o negociador que vai singrando nas mais altas esferas do crime. Aproveitando as licenças concedidas sobre o pressuposto condicional de liberdade, Malik cria laços dentro e fora da prisão provando que a maior dificuldade de sobrevivência não é a reclusão mas a ausência de liberdade, aquela que o persegue dentro e fora dos muros prisionais. Há um denominador comum neste grande filme de Audiard: a ideia de liberdade. Na maioria dos “filmes prisão” os reclusos aspiram à liberdade e não olhando aos meios para atingir esse fim. Mas para Malik a liberdade não é o fim último, o seu objectivo é a sobrevivência. A liberdade para ser alcançada - dentro ou fora da prisão - só pode ser gozada por um Profeta vivo. Não há liberdade ou salvação pela morte. Malik, o novo “Profeta”, opta pela sobrevivência em detrimento de uma falsa liberdade que tantas vezes implica a renúncia à vida.
Texto de SA, revista Audio e Cinema em casa, ed. de Julho 2010

10/07/10

Edição de Julho

O branco simboliza a inocência, e não é por acaso que Michael Haneke opta por filmar a preto e branco, destacando as sombras antagónicas que simbolizam o fim da inocência. Neste cenário bicolor Heneke desenvolve uma metáfora sobre a condição humana, explorando o tema da culpa e o argumento da impunidade.
O cineasta austríaco celebrizado pela austeridade de Brincadeiras Perigosas (1997, 2007) regressa à tese da crueldade humana elegendo como pano de fundo a aldeia de Eichwald, uma pacata comunidade protestante da Alemanha do Norte. A história tem lugar nas vésperas da Primeira Guerra Mundial e anuncia metaforicamente as atrocidades vividas na Europa no decurso das duas grandes guerras. Se é verdade que a Europa foi dizimada pelo holocausto nazi (tema também explorado em A Pianista, 1991), Heneke recua no tempo e no espaço, contextualizando a génese da culpa numa pequena aldeia aparentemente tranquila onde rapidamente se instala o caos e o medo. Recorrendo ao cenário de uma Alemanha rural, povoada por crianças e adolescentes, senhores feudais, religiosos fervorosos e um médico desumano, o cineasta associar a génese da crueldade à forma mais impune de barbaridade, aquela que se revela precocemente na inocência infantil. Mas o Laço Branco é mais do que um jogo de sugestões perigosas. É um exercício maniqueísta que sugere a dualidade do bem e do mal, a coexistência de luz e sombra, pecado e redenção. O cenário desta tese recupera a ideia de pequena comunidade, alicerçada em laços feudais, temente às leis divinas, onde a crueldade humana é aparentemente inconcebível. Todas as personagens assumem um papel misterioso, são guardiães de um segredo e potenciais agentes das maiores hostilidades. Como numa trama policial as personagens estão ligadas por laços de silenciosa cumplicidade. Aos poucos a tumulto ganha terreno, a estrutura familiar dilacera-se, os filhos acabam por ser o reflexo punitivo dos comportamentos fraudulentos do país. A ordem inverte-se, os inocentes são potenciais criminosos e os castigadores acabam por ser punidos por uma justiça invisível que rapidamente dá lugar à violência. O Laço Branco confirma Michael Heneke como um dos realizadores mais controversos da actualidade. Heneke explora temas centrais da filosofia e da condição humana sem paradigmas ou preconceitos. O Laço Branco é uma contínua desconstrução do ideal humano, elegendo o tema da perversidade, a ficção do medo, o horror da culpa e a sedução do pernicioso. Seria redutor identificar Michael Heneke apenas como um cineasta ficcionista do lado obscuro da mente humana. Tal como Lars von Trier (salienta-se as semelhanças de Eichwald com a aldeia de Dogville), Heneke não se coíbe metaforizar o mundo em que vivemos, o modo como a história nos dita,a incapacidade humana para se rever nos erros do passado, alicerçando a sua conduta num modelo ideal que a realidade não reflecte.
Controvérsias aparte, O Laço Branco é uma admirável obra de arte onde o espectador é confrontado constantemente com a dúvida: de quem é a culpa? Quem será o autor destas atrocidades? Justiça humana, justiça divina, ou apenas o reflexo da sombra que habita em cada ser humano? Um dos filmes do ano.
Realiz. Michael Haneke Intérpr. Susanne Lothar, Ulrich Tukur, Burghart Klaußner
DRAMA 2010, CLAP filmes, DVD 9, 1.85: 1, 2h24mins

Nota: Texto escrito por Persona, publicado na edição de Julho da Revista Audio e Cinema em Casa.
Com tecnologia do Blogger.




 
Persona: Um blogue, ou coisa que o valha, assinado por SA que um dia se chateou com o anonimato e decidiu testar o poder das siglas.
Um espaço ainda sem o nome da autora mas com registo de autor (a malta aqui não coloca palavras no prego).
Uma parceria sonora e gráfica com o Bitsounds.
Vendemos para fora e fazemos entregas ao domicílio.
Não vamos aderir ao acordo ortográfico.
Blogue não testado em animais!