Vencedor do Grande Prémio do Júri no ultimo Festival de Cannes, “Um Profeta” é realizado pelo francês Jacques Audiard que já firmou o seu curriculum em obras memoráveis como “De Tanto Bater o Meu Coração Parou” e “Nos Meus Lábios”.
Um Profeta relata a história do jovem muçulmano Malik El Djebena (Tahar Rahim) um miúdo analfabeto condenado a seis anos de prisão. O realizador opta por não revelar os motivos da detenção de Malik mas ao longo do filme assiste-se à transformação de um pequeno delinquente que apenas aspirava cumprir a pena discretamente. Malik acaba dominado pela máfia da Córsega que o confronta com o dilema da sobrevivência: ou mata outro muçulmano, ou será ele próprio assassinado pelos corsos. Malik acaba por cometer o crime o que torna protegido da máfia Córsega. De inicio Malik fica perturbado com os actos de violência que é obrigado a executar, mas gradualmente vai aprendendo a lidar com as “elites” prisionais, ascende dentro do mundo do crime e deixa de ser o árabe sem passado e história para se transformar no “Escolhido”. É o “protegido” da máfia corsa, o “eleito” pelo cigano que o introduz no tráfico, a figura consensual que apesar dos antagonismos, acaba por ser aceite na comunidade muçulmana. Malik converte-se no intermediário entre dois mundos, o mundo hostil da prisão e o mundo extra muros igualmente cruel. Malik, o jovem Profeta, é recluso e simultaneamente o negociador que vai singrando nas mais altas esferas do crime. Aproveitando as licenças concedidas sobre o pressuposto condicional de liberdade, Malik cria laços dentro e fora da prisão provando que a maior dificuldade de sobrevivência não é a reclusão mas a ausência de liberdade, aquela que o persegue dentro e fora dos muros prisionais. Há um denominador comum neste grande filme de Audiard: a ideia de liberdade. Na maioria dos “filmes prisão” os reclusos aspiram à liberdade e não olhando aos meios para atingir esse fim. Mas para Malik a liberdade não é o fim último, o seu objectivo é a sobrevivência. A liberdade para ser alcançada - dentro ou fora da prisão - só pode ser gozada por um Profeta vivo. Não há liberdade ou salvação pela morte. Malik, o novo “Profeta”, opta pela sobrevivência em detrimento de uma falsa liberdade que tantas vezes implica a renúncia à vida.
Um Profeta relata a história do jovem muçulmano Malik El Djebena (Tahar Rahim) um miúdo analfabeto condenado a seis anos de prisão. O realizador opta por não revelar os motivos da detenção de Malik mas ao longo do filme assiste-se à transformação de um pequeno delinquente que apenas aspirava cumprir a pena discretamente. Malik acaba dominado pela máfia da Córsega que o confronta com o dilema da sobrevivência: ou mata outro muçulmano, ou será ele próprio assassinado pelos corsos. Malik acaba por cometer o crime o que torna protegido da máfia Córsega. De inicio Malik fica perturbado com os actos de violência que é obrigado a executar, mas gradualmente vai aprendendo a lidar com as “elites” prisionais, ascende dentro do mundo do crime e deixa de ser o árabe sem passado e história para se transformar no “Escolhido”. É o “protegido” da máfia corsa, o “eleito” pelo cigano que o introduz no tráfico, a figura consensual que apesar dos antagonismos, acaba por ser aceite na comunidade muçulmana. Malik converte-se no intermediário entre dois mundos, o mundo hostil da prisão e o mundo extra muros igualmente cruel. Malik, o jovem Profeta, é recluso e simultaneamente o negociador que vai singrando nas mais altas esferas do crime. Aproveitando as licenças concedidas sobre o pressuposto condicional de liberdade, Malik cria laços dentro e fora da prisão provando que a maior dificuldade de sobrevivência não é a reclusão mas a ausência de liberdade, aquela que o persegue dentro e fora dos muros prisionais. Há um denominador comum neste grande filme de Audiard: a ideia de liberdade. Na maioria dos “filmes prisão” os reclusos aspiram à liberdade e não olhando aos meios para atingir esse fim. Mas para Malik a liberdade não é o fim último, o seu objectivo é a sobrevivência. A liberdade para ser alcançada - dentro ou fora da prisão - só pode ser gozada por um Profeta vivo. Não há liberdade ou salvação pela morte. Malik, o novo “Profeta”, opta pela sobrevivência em detrimento de uma falsa liberdade que tantas vezes implica a renúncia à vida.
Texto de SA, revista Audio e Cinema em casa, ed. de Julho 2010