
Ontem fui ver o Cisne Negro e lembrei os bichos que escondia na incubadora de cartão. Curiosamente sempre gostei mais das lagartas do que das borboletas! Darren Aronofsky e Natalie Portman têm estado há muito tempo fechados em caixas de sapatos! Agora é a vez do espectador sair, ir ao cinema e, o mais importante não se deixar levar por etiquetas da indústria cinematográfica. Pensar pela sua própria sensibilidade. No Cisne Negro não há o triunfo do cinema sobre a música, ou sobre o ballet (essa discussão é estéril quando se fala de artes maiores). O cinema vale o que vale e este Cisne terá certamente o mérito de levar muita gente a outras salas! Aos auditórios onde tocam grandes orquestras sinfónicas e onde dançam companhias de bailado (clássico ou contemporâneo) verdadeiramente excepcionais. Oxalá apareça em breve um realizador que consiga passar para o grande ecrã, um filme e uma atriz capacitados a despertar a atenção para as artes do trabalho vocal onde ainda há tanto preconceito. De resto se o filme é bom ou mau, o critério passará pelo crivo de cada um. Fica o convite para que não nos deixemos levar por entusiasmos empacotados para as massas, urge olhar a arte (ou descobri-la) de acordo com aquilo que verdadeiramente nos causa um arrepio na pele e na alma. Pela nossa parte fica o convite, vejam muito cinema e sigam-no até onde ele vos levar: atrevam-se a tirar caixas de sapatos debaixo do colchão ou então, comecem a dançar descalços dentro de poças de água.