Era fim de tarde quando entrámos no belíssimo recinto do castelo de Sines. Cheirava a hortelã, a mar e a mundo! Já entrara em cena Nat King Cole en Espagnol e a festa começou com a recordação do grande concerto do maestro Chucho Valdés. Mas o auge da noite foi no palco da Avenida, com a praia à esquerda e os sons dos afro-peruanos dos Novalima! Um concerto magnífico onde se dançou ritmos andinos e africanos celebrando o dia da independência do Peru: 28 de Julho de 1821.
Mas nem o torpor do vinho alentejano conseguiu superar o efeito hipnotizante dos grandes Tinariwen que deixaram mais saudades e a vontade viajar para terras de Timbucktu.
E que privilégio é dançar os sons do Peru um mês antes da grande viagem para terras do qhichwa simi.
Entre amigos, saudades e abraços a festa terminou tarde para se iniciar no dia seguinte com o grande concerto dos argentinos das 34 Puñaladas. E meus senhores ali há tango, milongas e a sombra de Piazzolla. Um magnífico início de festa no Castelo. Os palcos de Sines desdobram-se entre as muralhas que sonharam a Índia e palco da praia que anuncia outras rotas, outras músicas. Foi na praia que se evocou a magia do povo Sami com o magnífico concerto de Wimme Saari que fez nascer a bruma escondendo as estrelas do céu de Sines, anunciando uma noite brutal com o projecto N’Diale – Jacky Molard Quartet & Founé Diarra Trio e o tão esperado encontro com a cantora maliana Founé Diarra.
Talvez esta noite tivesse mais a ganhar se os Fantasmas tivessem feito outros exorcismos. Mas Sines estava povoado de gente boa, boa música num cenário quase edílico que por si justifica a romaria à maravilhosa vila da costa alentejana.
Na sexta-feira foi a vez do guineense Kimmi Djabaté iniciar a dança no recinto do Castelo. E que concerto, que concerto! Há tanta coisa para descobrir por terras do gumbé! Uma hora e meia depois lá nos rendemos à voz magnífica da bela Dorothée que cantou e encantou uma plateia exigente que se avisava cada vez mais numerosa acolhendo os espectadores de última hora.Entre amigos, saudades e abraços a festa terminou tarde para se iniciar no dia seguinte com o grande concerto dos argentinos das 34 Puñaladas. E meus senhores ali há tango, milongas e a sombra de Piazzolla. Um magnífico início de festa no Castelo. Os palcos de Sines desdobram-se entre as muralhas que sonharam a Índia e palco da praia que anuncia outras rotas, outras músicas. Foi na praia que se evocou a magia do povo Sami com o magnífico concerto de Wimme Saari que fez nascer a bruma escondendo as estrelas do céu de Sines, anunciando uma noite brutal com o projecto N’Diale – Jacky Molard Quartet & Founé Diarra Trio e o tão esperado encontro com a cantora maliana Founé Diarra.
Talvez esta noite tivesse mais a ganhar se os Fantasmas tivessem feito outros exorcismos. Mas Sines estava povoado de gente boa, boa música num cenário quase edílico que por si justifica a romaria à maravilhosa vila da costa alentejana.
Mas nem o torpor do vinho alentejano conseguiu superar o efeito hipnotizante dos grandes Tinariwen que deixaram mais saudades e a vontade viajar para terras de Timbucktu.
O percurso entre o Castelo e o palco da praia compreendia o ritual das caipirinhas da sede do PCP e foi de cachaça na mão e gelo derretido que se dançou Forró in the Dark: “um festão, pá”!
E com a anca quase deslocada lá fui dançando pela noite fora os ritmos do Sofisticado Bailarico e sua Selecta convidada. Por momentos a Alice caiu na toca do coelho e lá vai disto: tudo louco a dançar até de madrugada. Sem aditivos, corantes ou conservantes (e com o devido respeito para a rapaziada do “Fogo no Museke”) o Bailarico Sofisticado é ainda a melhor proposta para encerrar a última noite do FMM.
E com a anca quase deslocada lá fui dançando pela noite fora os ritmos do Sofisticado Bailarico e sua Selecta convidada. Por momentos a Alice caiu na toca do coelho e lá vai disto: tudo louco a dançar até de madrugada. Sem aditivos, corantes ou conservantes (e com o devido respeito para a rapaziada do “Fogo no Museke”) o Bailarico Sofisticado é ainda a melhor proposta para encerrar a última noite do FMM.
Mas façamos uma pausa entre cerveja, caipirinhas e cenários estivais para uma salva de palmas monumental ao mago africano Cheick Tidiane Seck. Seck subiu ao Castelo, conquistou o magnífico público do FMM - terá sido um dos momentos musicalmente mais ricos do festival - que contou com a interpretação singular da grande Senhora Mamani Keita. E no Mali não há bons músicos, todos são excelentes! O timbre vocal de Keita é uma fusão de terra e fogo, o registo ideal para recordar alguns dos melhores concertos já interpretados pelas gentes do Mali (e não é que senti tantas saudades da Senhora Rokia Traoré)! Não há deserto que não dê fartura e de lá chegam alguns do melhores músicos do mundo!
E por falar em mundo, “Moito Mondo” é Staff Benda Bilili! “Sou muito Congo!” Sou muito Congo!”: assim começou o melhor concerto do FMM 2010 com os congoleses de Kinshasa a derreterem os céus do Castelo.
E por falar em mundo, “Moito Mondo” é Staff Benda Bilili! “Sou muito Congo!” Sou muito Congo!”: assim começou o melhor concerto do FMM 2010 com os congoleses de Kinshasa a derreterem os céus do Castelo.
Staff Benda Bilili significa "olhar além das aparências" - literalmente: "apresentar o que está oculto". E há tanto para descobrir! Por detrás da aparente adversidade há alegria, há vida e força! Há ritmo e verdade.
Staff Benda Bilili, vieram a Sines sentados nas poltronas dos reis, foram embaixadores das vítimas da poliomielite, dos sem abrigo e das pessoas com deficiência que vivem nas terras de Kinshasa. A rapaziada entrou em palco a sorrir e não deixou ninguém verter lágrimas, senão de alegria. Cantaram dançaram, balançaram ao ritmo da rumba congolesa, tomaram de assalto o palco do Castelo com as suas cadeiras de rodas dançantes, rolaram música ao chão, esbracejaram de alegria, evocaram o melhor da alma humana. Resquícios de fogo de artifício anunciavam a festa dos deuses e a plateia tornou-se cúmplice do ritual. Todos nos despimos das nossas fraquezas, medos e merdas! Por momentos não fomos nem plateia nem público: fomos apenas massa musical, matéria orgânica dançante com um espírito imenso e alma maior.
Pouco mais há para escrever mais sobre este concerto ... assim acontece com tudo o que me transcende! Que bela incapacidade! Rodam cá por casa os sons do Congo e ainda tenho aquele sorriso estampado na cara...
O Sol nasceu na RD Congo e veio brilhar a Sines!
Staff Benda Bilili, vieram a Sines sentados nas poltronas dos reis, foram embaixadores das vítimas da poliomielite, dos sem abrigo e das pessoas com deficiência que vivem nas terras de Kinshasa. A rapaziada entrou em palco a sorrir e não deixou ninguém verter lágrimas, senão de alegria. Cantaram dançaram, balançaram ao ritmo da rumba congolesa, tomaram de assalto o palco do Castelo com as suas cadeiras de rodas dançantes, rolaram música ao chão, esbracejaram de alegria, evocaram o melhor da alma humana. Resquícios de fogo de artifício anunciavam a festa dos deuses e a plateia tornou-se cúmplice do ritual. Todos nos despimos das nossas fraquezas, medos e merdas! Por momentos não fomos nem plateia nem público: fomos apenas massa musical, matéria orgânica dançante com um espírito imenso e alma maior.
Pouco mais há para escrever mais sobre este concerto ... assim acontece com tudo o que me transcende! Que bela incapacidade! Rodam cá por casa os sons do Congo e ainda tenho aquele sorriso estampado na cara...
O Sol nasceu na RD Congo e veio brilhar a Sines!
Fotos/Vídeo: Personna